Empresa se passa por financeira, engana consumidores que não realizarão mais o sonho da casa própria.
Uma empresa de consórcio imobiliário com sede no estado do Rio de Janeiro, com correspondentes em Campo Grande/MS está se passando por financeira, prejudicando dezenas de consumidores que querem realizar o sonho da casa própria.
O golpe funciona da seguinte maneira, um anúncio é colocado na internet, em sites ou redes sociais de um imóvel comum e que realmente existe, porém, quando as tratativas se iniciam, esta empresa se apresenta como financeira, que permitirá realizar um financiamento imobiliário, liberando o valor do imóvel na conta do proprietário para aquisição da propriedade pelo comprador.
Após a conversa de venda, a filial de Campo Grande pede para que o consumidor se dirija até seu ponto comercial para formalizar o contrato, verificar o valor a ser liberado, valor das parcelas e o prazo para pagamento do financiamento. O consumidor é informado que a matriz entrará em contato por meio de telefone para confirmar a contratação e demais informações. Neste momento o consumidor é instruído a responder as perguntas de um modo que não corresponde a verdade. A explicação é que num primeiro momento o contrato seria realizado somente para conseguir a liberação do crédito e num momento posterior é que o contrato verdadeiro e com as informações corretas seria enviado para assinatura.
É aí que o golpe se concretiza, pois ao responder de modo errado as perguntas feitas pela matriz, o consumidor assume perante uma ligação gravada, que está ciente de que na verdade não está realizando um financiamento imobiliário, mas sim um consórcio de uma carta de crédito que – quando for contemplado – possibilitará com que o consumidor adquira seu imóvel numa data futura.
Nesses casos, o consumidor acaba pagando o valor referente à entrada do imóvel, porém, somente quando o negócio se concretiza, por meio da ligação gravada, bem como do contrato assinado é que o consumidor é avisado que não foi contemplado naquele mês, mas que poderá sê-lo no mês seguinte. Somente nesta hora que o consumidor percebe que foi enganado desde o início e que o sonho da casa própria acaba de virar pesadelo.
Para não cair neste golpe a pessoa tem que ficar atenta ao que está escrito no contrato, bem como com o que é falado na ligação gravada, realizada pela matriz, pois há uma desconexão entre o que é falado no momento da venda e o que está escrito no contrato, e isso já é suficiente para que o cidadão ligue o alerta e não assine tal documento em hipótese alguma.
Os novos golpes praticados pelos maus elementos se utilizam de velhas artimanhas, ou seja, da falta de atenção, assinaturas em documentos sem ler o que está escrito, ganância da vítima de querer ganhar dinheiro fácil, sonhos e dos medos das vítimas, que ficam inebriados quando estão prestes a realizar um sonho ou fugir de um pesadelo.
Portanto, as velhas recomendações são cada vez mais atuais, não acredite em dinheiro fácil, não “cresça o olho” em oportunidades mirabolantes, que parecem ser boas demais para ser verdade e principalmente, não assine nenhum tipo de contrato cujo texto não reflete 100% o que foi prometido no momento da venda.
Caso você seja vítima deste golpe, faça um boletim de ocorrência na Decon – Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo e registre uma reclamação no Procon para que a empresa possa ser punida pela prática de crime contra a relação de consumo.
Leandro Amaral Provenzano é advogado especialista em Direito Agrário, Tributário, Imobiliário e Direito do Consumidor. Membro das Comissões de Direito Agrário e Direito do Consumidor da OAB/MS. E-mail para sugestões de temas: leandro@provenzano.adv.br