Veja quais são os golpes mais praticados, o que fazer para se prevenir e o que fazer caso você já tenha caído neles.
A pandemia alterou a vida de todos nós, e com menos gente nas ruas, os bandidos também foram obrigados a se modernizar, praticando crimes de modo virtual, com o auxílio da internet e a nova modalidade de transferência eletrônica – pix-, que permite transferências de modo instantâneo, em dias não úteis e fora do horário comercial.
Com isso, os números de crimes praticados virtualmente aumentam exponencialmente, e a criatividade dos bandidos é digna de Oscar, utilizando-se de classificados para fazerem vítimas, bem como enviando motoboys na casa das pessoas para realizar a retirada de cartão de crédito com a respectiva senha.
A ingenuidade das vítimas aliada à audácia dos criminosos fez com que os números de queixas se multiplicassem por todo país.
Saber quais são os golpes mais praticados na praça é uma arma para evitar com que mais pessoas caiam nessas armadilhas, por isso vou elencar aqui 5 golpes virtuais, que são os mais praticados pelos bandidos ultimamente:
- Golpe do link do banco: Neste golpe, o correntista recebe uma mensagem supostamente enviada pelo seu banco para clicar num link e regularizar sua conta, e, caso não realize o procedimento, ele terá sua conta cancelada. Desta forma, a vítima clica no link e ao fazer isso dá amplo acesso de seu celular ao golpista, e, consequentemente de seus aplicativos bancários. Em pouco tempo o bandido realiza diversas transferências bancárias até esgotar totalmente o dinheiro da vítima. Para evitar este golpe, nunca clique em links enviados por e-mail ou celular, e, em caso de dúvida, ligue para seu gerente ou vá pessoalmente ao seu banco;
- Golpe do falso funcionário do banco: Neste golpe, por meio de uma ligação telefônica, uma pessoa se passa pelo funcionário do seu banco informando que seu cartão teve um gasto que foge do padrão de consumo e pede para que a vítima confirme que não realizou aquela compra inventada pelo golpista. Surpresa e agradecida pelo banco ter suspeitado de fraude, a vítima confirma a informação e pergunta quais são os procedimentos para que isso não torne a ocorrer. Neste momento é que o golpe se materializa, pois o falso funcionário do banco fala que o cartão de crédito do consumidor será imediatamente cancelado e que em breve outro cartão será enviado pelo correio, ocasião em que o cliente terá que pedir o desbloqueio e cadastrar uma nova senha, porque a antiga já será cancelada. Já mais tranquilo com o suposto problema resolvido, o consumidor recebe a informação de que seu cartão já está cancelado e que o banco enviará um motoboy para retirar o cartão com a senha para ser periciado pelo banco, o que ajudará nas investigações. Desta forma, a vítima entrega de bandeja seu cartão de crédito e a respectiva senha para um motoboy, e assim, todo o limite do cartão de crédito da vítima é usado para realizar compras que são feitas com bastante calma, haja vista que a vítima só perceberá que caiu num golpe quando o suposto cartão de crédito que seria enviado começa a demorar muito para chegar em sua residência. Para não cair neste golpe, nunca entregue a senha de seu cartão de crédito para qualquer pessoa;
- Golpe do amigo / parente que acabou de trocar de número: Este é o golpe mais praticado pelos golpistas, e toda semana temos algum amigo ou parente que quase foi vítima dele. Nele, um terceiro pega uma foto de uma pessoa, bem como os seus contatos do celular, e, se valendo de informações públicas por meio de redes sociais acaba entrando em contato com vários conhecidos daquela pessoa cuja foto foi copiada, se passando pelo mesmo e falando que acabou de trocar de número, ou que está falando de um número provisório e que precisa de um dinheiro, que será devolvido em poucas horas. Normalmente o golpista fala que houve um bloqueio parcial em sua conta bancária, o que será resolvido em breve, mas que ele precisa pagar uma conta, ou alguma pessoa, e pede para que a vítima realize o pagamento para esse terceiro. Para não cair neste golpe, basta ligar para pessoa que supostamente lhe pediu dinheiro e confirmar as informações, ou até mesmo enviar um whatsapp para mesma, o que já será suficiente para você não cair no golpe;
- Golpe do envio do código do whatsapp: O Whatsapp pode ser transferido de um celular para outro, e uma medida de segurança que o aplicativo possui é exatamente fornecer uma senha no celular que será substituído para que seja digitada no novo aparelho, com isso o aplicativo assegura que se trata do mesmo usuário, garantindo segurança ao procedimento. Este golpe está exatamente em conseguir este código da vítima, então várias são as estórias contadas pelos golpistas, cujo único objetivo é conseguir com que você revele quais são os 6 dígitos que você receberá por mensagem de texto ou de whatsapp. Eu particularmente já recebi duas ligações, onde o golpista pediu para que eu revelasse o código que eu havia recebido durante a ligação. Uma delas o golpista se passava por um funcionário de um restaurante que eu frequento, falando que eu havia ganhado um almoço grátis numa promoção, e que para ativar a promoção bastava eu falar os números (6 dígitos) que eu havia acabado de receber por mensagem, na outra o golpista se passou por um diretor de televisão, que teria visto nas minhas redes sociais que eu era advogado de direito do consumidor, querendo marcar uma entrevista para um programa, e, depois de mais de 10 minutos de conversa falou que quando eu chegasse no estúdio, para saberem que eu seria a pessoa certa, eu teria que passar uma senha na portaria, senha esta que havia acabado de ser enviada para meu celular, então pediu para eu confirmar os números que havia recebido. Como disse, as estórias inventadas são diversas, e os golpistas usam todas as informações que conseguem pela internet para deixar seu papo ainda mais atraente para vítima, então, JAMAIS forneça a ninguém a senha de 6 dígitos que receber durante uma ligação;
- Bug do pix: Este é um golpe que se vale da ingenuidade e da ganância da vítima e que, embora seja muito difícil de acreditar, ainda faz algumas vítimas pelo país. Nele, o golpista convence a vítima de que há uma chave pix com erro, e que todo dinheiro que é depositado nela, por um erro do sistema (bug) volta em dobro para pessoa que enviou o dinheiro. É evidente que não há esse tipo de erro, mas ainda assim há pessoas que caem neste golpe.
COMO SE PREVENIR DESTE TIPO DE GOLPES:
- Tome muito cuidado com suas informações nas redes sociais. Por lá é possível ver quem são seus amigos, parentes, onde trabalha, quais esportes pratica, etc. Este estudo da vítima que é feito pelos bandidos é conhecido como “engenharia social”, que é o que dá credibilidade para estória do golpista, com informações pessoais da vítima, que nem sempre se recorda que todas elas estão expostas na internet.
- Sempre cheque as informações pelos contatos oficiais. Seja um amigo que te pede dinheiro ou seu banco que pede para que você atualize suas informações, só faça algo após confirmar pelos canais oficiais a veracidade das informações, por isso, faça uma ligação de vídeo para o suposto amigo, ou ligue diretamente para seu gerente com o número que já estava armazenado em seu celular, ou até mesmo no 0800 oficial do seu banco.
- JAMAIS clique em links enviados por números que não seja um contato do seu celular, pois inúmeros golpes só acontecem porque a vítima clica em links que permitem com que o golpista invada o celular da pessoa.
- Sempre duvide de tudo. Tenha sempre um pé atrás com pessoas pedindo dinheiro, com promoções e pedidos estranhos feitos por supostos funcionários de empresas, lembre-se, não há almoço grátis.
JÁ TRANSFERI O DINHEIRO, AINDA POSSO FAZER ALGUMA COISA?
Agora já é mais difícil recuperar o dinheiro furtado, mas, assim que perceber que caiu num golpe, aja rápido:
- Tire um print da transferência realizada;
- Ligue imediatamente para seu banco e peça o bloqueio da transferência com urgência;
- Registre um boletim de ocorrência;
- Formalize uma reclamação no Procon e no site consumidor.gov.br.
Será difícil recuperar o dinheiro, embora haja casos em que a vítima acaba conseguindo o estorno da quantia.
O judiciário quando se depara com casos como estes tende a ressarcir o consumidor somente quando o crime ocorre dentro do ambiente (físico ou digital) do banco, quando o golpista se vale de alguma informação obtida dentro do próprio banco ou até mesmo um hacker, que entra no sistema do banco e retira dinheiro da conta de vítimas.
Caso a vítima forneça as informações aos bandidos, como senha do cartão, acesso ao aplicativo do banco, etc, o judiciário tem entendido que o consumidor não faz jus a ser ressarcido porque não havia como o banco ter evitado esse tipo de situação, que contou com a culpa exclusiva do consumidor.
Inobstante a isso, há diversos bancos por todo país sendo condenados por negligência, ou seja, quando o consumidor alerta que foi vítima do golpe, se o banco não agir de forma rápida, ele poderá ser condenado a indenizar o consumidor, pois desta forma o banco contribuiu para que o golpe fosse aplicado, ante a demora em atender uma solicitação da vítima.
Alguns bancos ainda estão sendo condenados nos casos de movimentações financeiras atípicas, ou seja, uma pessoa que ganha um salário-mínimo, e que realiza pequenos pagamentos mensais dentro de determinado valor, quando de repente transfere mais de dez mil reais que estavam na poupança, essa transferência atípica deveria acionar um alerta automático no banco que bloquearia automaticamente a transferência.
Muitas dessas decisões estão baseadas numa súmula do STJ (479), que trata do risco do empreendimento, ou seja, a atividade bancária está sujeita tanto ao lucro fruto de suas atividades comerciais, quanto ao prejuízo advindo delas.
Fique sempre atento para não cair em armadilhas, pois os criminosos estão cada vez mais criativos para conseguirem dinheiro fácil.