Entenda o que pode e o que não pode ser dito nas redes sociais para evitar problemas judiciais com sua opinião na internet.
Estamos vivendo tempos de muita divergência e embates verbais pelas redes sociais, que dão voz a qualquer pessoa, independente dela ser especialista no assunto. Não me refiro somente a embates com o tema política, mas hoje, qualquer um dá opinião sobre tudo, como se fosse especialista: futebol, religião, política, família, postura, machismo, racismo, homofobia, aborto, liberação das drogas, etc.
As redes sociais deram voz para pessoas que não são especialistas nos assuntos que comentam, e isso tem sido uma tendência levada até mesmo para televisão. Prova disso foi o programa “roda viva”, em que convidaram o Felipe Neto, um jovem empreendedor digital que fez fortuna usando a internet – em especial no YouTube – sendo hoje um dos jovens mais bem sucedidos no país. Felipe Neto teria uma contribuição fantástica no programa se lhe perguntassem sobre o tema que ele domina incontestavelmente, a internet. Ele poderia ter motivado naquele programa uma série de jovens e também adultos a empreender digitalmente, mas não, ao invés disso só lhe fizeram perguntas sobre política, assunto que não é a especialidade daquele visionário da internet.
No entanto, algumas manifestações colocadas na internet podem prejudicar pessoas e empresas, e para isso a lei protege essas pessoas (físicas ou jurídicas) excluindo posts e vídeos colocados na internet e até mesmo condenando os autores desses conteúdos a indenizarem civilmente o ofendido. Dos julgamentos pode sair até mesmo uma sanção criminal, em casos de incitação a crimes, casos de racismo, injúria, calúnia, etc.
Mas o que eu não devo fazer nos meus comentários postados na internet, em especial nas redes sociais?
Emitir uma opinião não é crime, mas ela deve ser feita de modo direto, objetivo e sem ser genérico. Por exemplo, se eu fui mal atendido num restaurante, num bar ou numa lanchonete, eu posso entrar em sites especializados e reclamar de forma direta, apontando os problemas enfrentados por mim, como: “o atendimento demorou demais, os pedidos chegaram errados, o valor da conta não estava correto”. Evite ser genérico e lançar adjetivos pejorativos como: “lugar lixo, atendimento horrível, comida podre, etc.”. Esse tipo de manifestação tem grandes chances de sofrer uma censura até mesmo do judiciário, uma vez que os comentários denigrem o estabelecimento comercial, sem mencionar os problemas realmente enfrentados pelo cliente.
Há inúmeras condenações no judiciário em casos como do exemplo acima, portanto, se for realizar uma reclamação, seja direto, específico sobre os problemas que teve, até mesmo para oportunizar ao estabelecimento comercial melhorar seus serviços, afinal, mão de obra boa está cada vez mais difícil de se encontrar.
As redes sociais não são o melhor caminho para realizar este tipo de crítica, embora seja a mais fácil, onde você não precisa de cadastrar previamente, não precisa passar por alguma algoritmo moderador, nada, basta digitar o que pensa – muitas vezes ainda com “sangue nos olhos” – e apertar o enter que já está lá a crítica postada publicamente.
Caso os problemas enfrentados na internet sejam mais sérios, como por exemplo uma comida estragada, ou numa boate onde você não pôde sair porque perdeu a comanda, nesses casos, a rede social não é o ambiente para protestar, pois o judiciário serve exatamente para coibir esse tipo de comportamento abusivo dos estabelecimentos comerciais.
A livre manifestação de pensamentos é protegida pela constituição, mas a partir do momento que isso prejudica terceiros, este poderá adotar as medidas jurídicas cabíveis ao caso, para reaver seu prejuízo, portanto, não tome atitudes precipitadas e pense muito bem antes de publicar algo na internet, pois o ambiente digital é livre, mas não é uma terra sem lei.