Inúmeros consumidores da capital já foram enganados por estas empresas, que contam com o descuido do próprio consumidor para fazer cada vez mais vítimas.
Dezenas de consumidores da capital já foram vítimas de uma prática abusiva cometida por empresas que se passam por financeiras, mas que na verdade são verdadeiras empresas de consórcios, deixando os consumidores sem os veículos, prejudicando várias famílias.
O golpe funciona da seguinte maneira, a própria empresa muitas vezes coloca anúncios de veículos na internet, inclusive nas redes sociais, com o valor de uma entrada acessível para o “comprador”, que quando procura o escritório responsável por realizar o “financiamento” é instruído a responder as perguntas que lhes serão feitas pela suposta matriz de São Paulo. O consumidor é instruído a responder “sim” para todas as perguntas que são feitas pela matriz.
Após todo este procedimento e depois de muita conversa levando o consumidor ao cansaço, lhe é entregue um contrato, ocasião em que um representante da empresa afirma que tudo que foi combinado (suposto financiamento) estaria ali naquele documento, extenso, em linguagem inacessível para maioria da população, onde o consumidor é instruído a somente assinar ao final.
Pronto, assinado o documento de “CONSÓRCIO”, o representante da empresa passa os dados bancários para que o consumidor faça a transferência financeira referente à suposta entrada e que, após a comprovação desta transferência, em no máximo 15 dias o financiamento já estaria aprovado e o consumidor já estaria com seu novo veículo em sua casa. Na prática não é isso que ocorre, pois após este prazo é que a empresa avisa aos consumidores que na verdade não se trata de um financiamento de veículo, mas sim de um consórcio, modificando completamente as conversas anteriores.
Como disse, a empresa conta com o pouco grau de instrução dos consumidores, bem como sua desatenção ao não ler o contrato, cujo título já anuncia que se trata de um CONSÓRCIO, e não de um financiamento veicular. Muito embora a prática seja abusiva, dificilmente o consumidor irá conseguir reverter o golpe na justiça, exatamente por ter assinado um documento onde é muito claro que se trata de um consórcio, e não de um financiamento.
O escritório que se diz ser a filial da empresa de financiamento sempre está localizado em áreas nobres da cidade, prédios comerciais, com vários funcionários que passam uma imagem séria e de credibilidade às vítimas, que acabam não contestando algumas coisas exatamente por se sentirem diminuídos neste ambiente “nobre”.
Para que não haja mais vítimas, a única coisa que o consumidor pode fazer é ficar atento, se informar, ler com muita atenção o contrato e não firmar compromissos (por escrito ou verbalmente, por meio de ligações) sem saber exatamente o que estão contratando.
Uma dica que sempre dou aos consumidores é que sempre que ele for realizar qualquer tipo de contrato, empréstimo, financiamento (de veículo ou imobiliário), é sempre importante contar com a assessoria de uma pessoa mais esclarecida, ou até mesmo um advogado, que poderá esclarecer o que o consumidor estará assinando de verdade, se tal contrato realmente reflete aquilo que a empresa ofereceu por meio de anúncios, ou até mesmo no momento da venda.
O procon já está com estas empresas na mira e em breve aplicarão multas na tentativa de coibir com que mais consumidores sejam vítimas desta prática, mas o que o consumidor tem que tirar de lição de tudo isso é sempre ficar atento ao que está sendo oferecido e como que isso está escrito no contrato, e, em caso de dúvidas, conte com a assessoria de um advogado de sua confiança para evitar cair em golpes como este.
Leandro Amaral Provenzano é advogado especialista em Direito Agrário, Tributário, Imobiliário e Direito do Consumidor. Membro das Comissões de Direito Agrário e Direito do Consumidor da OAB/MS. E-mail para sugestões de temas: leandro@provenzano.adv.br